Para tudo existe um segredo, o modo de fazer de uma forma que potencie que o resultado desejado aconteça. Descubra agora o segredo das cartas de motivação que conquistam empregos.
Se você exercesse a profissão de Técnico/a de Recrutamento e Selecção, você perceberia o que é ler cartas de apresentação ou cartas de motivação sem graça, todo o dia, semanas a fio! Só assim você compreenderia como uma carta de motivação pode, em apenas 3 a 4 minutos, “matar uma candidatura”.
Vejamos os erros mais comuns de candidatos/as que o recrutador imediatamente coloca de lado:
- Referir imediatamente que foi despedido.
- Implorar por uma oportunidade.
- Dizer que tem muitas contas para pagar e família para sustentar e, por isso, precisa de trabalhar urgentemente.
- Utilizar palavras como “crise”, “dificuldades”, “privações”.
- Cometer erros ortográficos.
- Misturar tipos de letra ou, no geral, a apresentação da carta ser uma lástima (má formatação, desenhos e bonecos, manchas no papel, má impressão ou, no caso da carta manuscrita, letra nada legível).
- Discurso “monocórdico” e sem brilho ou que parece copiado de outra situação (por exemplo, “Venho por este meio candidatar-me a esta vaga, em resposta ao vosso anuncio….blá, blá, blá”)…
Se em tempos este tipo de discurso era aceitável, esses tempos já lá vão. Nesses momentos, o mercado de emprego era vasto e procurava-se alguma formalidade, lealdade e um discurso quase aristocrático igual para todos.
Hoje em dia os valores são outros: tudo é rápido e marcado pela diferença e criatividade. Se há 20 anos um discurso de “implorar por uma oportunidade” podia fazer vacilar uma micro-empresa ou tocar o coração de um “patrão” de uma pequena cidade, hoje em dia, acontece exactamente o contrário.
Por muito que nos custe aceitar, muitas vezes, implorar ou usar o discurso da crise, faz o recrutador pensar em certo tipo de características psicológicas daquele candidato: “se está mal e com dificuldades, deve ser uma pessoa com pouca capacidade de adaptação às mudanças, ou não soube fazer a sua gestão pessoal, ou foi despedido porque é um trabalhador que se deixou ultrapassar”….etc. etc.
Esta não é a imagem que você quer passar e não deve ser a sua narrativa pessoal.
Características de uma carta de motivação
- Apresentação impecável. O mesmo tipo de letra em toda a carta. Margens mínimas de 2.5 pontos e tamanho de letra mínimo de 12. Sem manchas, sem falhas de impressão e com espaçamento que permita ao recrutador sublinhar e tirar notas entre as linhas (1.5 pontos é ideal).
- Não use declinações verbais imperfeitas ou que criam dúvida. “Eu gostaria”, “Eu queria”, “o que eu precisava”, “no fundo, vinha propor-lhe”, “eu aceitaria um salário de…”. Utilize as declinações certas e positivas: Eu quero propor. Eu gosto de … Eu aceito. Sempre no presente.
- Evite usar quantificadores universais, ou seja, sempre, tudo, nunca, qualquer um.
- Particularize o seu caso e não se compare aos outros nem compare empresas ou sectores.
- Use palavras positivas. Evite a palavra “Não”. Para isto, leia a carta pelo menos duas vezes. Por vezes, estamos tão habituados ao discurso com teor negativo que só conseguimos detectar essas palavras negativas quando lemos a segunda ou terceira vez a carta.
- Destaque a negrito duas ou três expressões que ache que o identificam e valorizam. Esta é a sua “Mission Statement”, ou seja, o que o diferencia dos outros, o seu valor.
- Utilize palavras como: Desafio, Oportunidade, Crescimento, Inteligência, Versatilidade.
Veja a diferença entre as duas frases abaixo:
Frase 1: Eu aceitaria um desafio, pois gostava de dar o meu melhor para esta oportunidade.
Frase 2: Eu gosto de desafios, sou versátil e aceito oportunidades que me pareçam opções inteligentes.
Apesar de dizerem coisas diferentes mas ligeiramente semelhantes, se ler ambas as frases em voz alta, verá que uma delas tem muito mais impacto positivo. Qual acha que é?
- Assine sempre a carta. Mesmo que não seja a sua assinatura oficial (do banco, etc.), crie uma assinatura com “personalidade”, com variabilidade (duas grandes letras, por exemplo, dois sarrabiscos, alongamentos, etc.) ao invés de usar o seu nome escrito como se estivesse na escola.
- Não faça da carta um “apanhado” do que diz no CV. Aproveite para dizer exactamente o que não diz no CV. Por exemplo, você foi Diretcor durante x tempo em x empresa: isso já esta no CV! Na carta, salte imediatamente para “Quando exerci funções de direcção, geri uma equipa de 33 pessoas”.
- Se trabalhou no estrangeiro, inclua na carta, a negrito.
- Se fala bem uma língua estrangeira realce na carta também. Cada vez mais se valoriza um colaborador versátil, multi cultural.
- Se está a concorrer a uma função ou empresa criativa, opte por juntar um vídeo-CV. Pesquise na net exemplos de vídeo-cv impactantes e que realmente demonstram criatividade. Por outro lado, se é uma empresa criativa, tente inovar e mostrar que é criativo em todos os documentos (carta, cv, etc.), não incluindo “macaquinhos”, mas sim, optanto por um discurso positivo, activo e inovador, que até choque pela positiva o recrutador! Seja irreverente!
Estes são alguns segredos. No fundo, você precisa de se actualizar constantemente sobre este assunto.
Texto original de Patrícia Araújo
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