Como lidar com a chegada da menopausa. Tecnicamente, a menopausa designa o fim das menstruações, mas muitas vezes indica igualmente a grande variedade de sintomas que a acompanham e que constituem o climatério, ou “mudança de vida”.
Esta fase da vida de uma mulher, em que os ovários deixam de produzir óvulos e a fertilidade decresce e por fim cessa, pode começar em qualquer altura, entre o início dos 40 anos e meados dos 50 anos e normalmente prolonga-se por dois ou três anos.
Este processo físico está associado a vários factores psicológicos – o medo de deixar de ser atraente, as dúvidas sobre o sentido que poderá ter a vida de uma mulher de meia-idade e talvez tristeza por ter terminado o período fértil da vida.
Estes sentimentos acompanham, e podem mesmo exceder em importância, quaisquer incómodos ou distúrbios físicos, causados pelas complexas mudanças no equilíbrio hormonal.
Em algumas mulheres, a menstruação pode cessar repentinamente sem qualquer alteração prévia do ciclo, mas na maioria dos casos, o ciclo menstrual passa a ser irregular. Muitas vezes os períodos são menos abundantes e ocorrem em intervalos mais espaçados, ou ocorrem com mais frequência ou na altura devida, mas com algumas faltas pelo meio.
Os sintomas de que todas as mulheres falam, são os afrontamentos, mas os afrontamentos são apenas um dos sinais de alerta para a chegada da menopausa. Mas há muitos mais sintomas, além dos afrontamentos.
Como lidar com a chegada da menopausa – Mitos e verdades
Saiba o que se passa com o seu corpo nesta fase
Existem alterações de humor, perturbações no sono, irregularidades menstruais, afrontamentos, decréscimo da actividade sexual… há muito com que lidar durante a menopausa.
Como lidar com a chegada da menopausa – Mitos e verdades
O que é a menopausa?
“Se o período não me aparece, estou na menopausa” – Mito!
A menopausa consiste na fase da vida da mulher que marca a perda da função reprodutiva, pelo que só pode ser definida retrospectivamente, diagnosticando-se um ano após a última menstruação. Assim, para a mulher ter o diagnóstico de menopausa, é fundamental ter um ano de amenorreia (ausência de menstruação).
Frequentemente as mulheres recorrem à consulta de ginecologia, desejando saber se estão ou não na menopausa, solicitando análises hormonais para o seu diagnóstico. Embora estas análises possam ajudar no diagnóstico, este é um diagnóstico clínico e não laboratorial.
A menopausa ocorre habitualmente entre os 45 e os 55 anos, sendo considerada precoce antes dos 45 anos e tardia após 55 anos.
A fertilidade das mulheres mantém-se (durante a menopausa) até porque 25% dos ciclos podem ser ovulatórios (em que ocorre ovulação). Assim, é fundamental a manutenção de uma contraceção adequada.
Como lidar com a chegada da menopausa – Mitos e verdades
O que acontece realmente?
Na perimenopausa (período de tempo variável que engloba até um ano após a menopausa), assistimos a um declínio progressivo da função dos ovários, ocorrendo a diminuição da produção de hormonas, em particular dos estrogénios.
O hipoestrogenismo (diminuição dos estrogénios) característico da menopausa, tem consequências a vários níveis. O climatério é definido como o período da vida da mulher de transição, entre o pleno potencial e a incapacidade reprodutiva, incluindo as três fases: pré, peri e pós-menopausa.
Quais são os sintomas associados à menopausa?
“Não há o risco de engravidar.” – Mito
As irregularidades menstruais ( alterações do ciclo menstrual), podem iniciar-se 4 a 8 anos antes da menopausa, existindo inicialmente encurtamento da periodicidade. E a menstruação difere do padrão habitual no que respeita à duração e quantidade de fluxo.
Mais tardiamente, a maior frequência de ciclos anovulatórios (ciclos em que não ocorre ovulação) é responsável pelo aumento da duração dos ciclos, ausência de menstruação e frequentemente um padrão de hemorragias excessivas.
Durante esta fase é muito importante referir que, apesar de diminuída, a fertilidade das mulheres mantém-se, porque até 25% dos ciclos podem ser ovulatórios (em que ocorre ovulação). Assim, é fundamental a manutenção de uma contraceção adequada e adaptada a cada mulher.
Sintomatologia vasomotora
Os sintomas classicamente associados à menopausa são os afrontamentos e suores nocturnos, aquilo que os médicos intitulam de sintomatologia vasomotora.
Os afrontamentos na menopausa, são sintomas que afectam mais de 70% das mulheres e relacionam-se com os níveis de estrogénios circulantes. Começam tipicamente por uma sensação súbita de calor durante cerca de 2 a 4 minutos, associada frequentemente a sudorese (transpiração) profunda e ocasionalmente a palpitações, seguida por vezes de calafrios, tremores e sensação de ansiedade.
Quando ocorrem no período nocturno, podem interferir com a qualidade do sono. A duração média destes sintomas varia entre 7 a 10 anos e cerca de 10% das mulheres mantêm sintomas vasomotores por mais de 12 anos, podendo durar décadas.
As alterações vasomotoras não só podem estar ausentes como serem ligeiras (que não perturbam o dia-a-dia), moderadas (que interferem com as actividades quotidianas) ou intensas (afectando a qualidade de vida).
Cerca de 60% das mulheres refere um decréscimo da actividade sexual, alterações cognitivas e do humor e perturbações do sono.
Vários estudos associam o período perimenopausa à diminuição da memória verbal, à dificuldade na concentração e a maior incidência de sintomas depressivos.
A relação entre o envelhecimento. com a progressiva diminuição tanto na qualidade quanto na quantidade do sono, é bem conhecida. São frequentes as queixas de dificuldade em iniciar e manter o sono, com o acordar frequente durante a noite e o despertar cedo, ou por outro lado a sensação de que o sono não é reparador.
Como lidar com a chegada da menopausa – Mitos e verdades
Síndrome génito-urinária da menopausa ou atrofia vulvovaginal
Esta síndrome tem sido descrita como um conjunto de sinais e sintomas associados ao decréscimo dos estrogénios e outras hormonas sexuais envolvendo alterações do aparelho reprodutivo e urinário feminino.
Inclui queixas como a secura vaginal, o ardor e o prurido (comichão) vulvar e vaginal, episódios de hemorragia e dores nas relações sexuais e sintomas urinários.
A menopausa tem um efeito negativo na função sexual e qualidade de vida. Cerca de 60% das mulheres refere um decréscimo da actividade sexual. A dispareunia (dor nas relações sexuais) afecta cerca de 30-40% das mulheres e resulta da atrofia vulvovaginal.
O que é essencial para uma mulher na perimenopausa é a vigilância ginecológica, garantindo os rastreios adequados nesta faixa etária.
Alterações cardiovasculares, metabólicas e osteoarticulares
A incidência de doença cardiovascular aumenta, sendo frequente o aparecimento de doenças como a hipertensão arterial e a diabetes tipo 2.
As alterações hormonais da menopausa, associam-se a um aumento da circunferência abdominal e redistribuição da gordura corporal, com deposição de gordura central. A percentagem de massa gorda, troncular e visceral também aumenta nas mulheres com IMC normal.
A osteoporose é uma doença esquelética sistémica caracterizada pela diminuição da massa óssea, diminuindo a resistência do osso e aumentando o risco de fractura. Após a menopausa, há uma aceleração da perda de massa óssea, mais intensa nos primeiros cinco anos.
Devemos controlar estes sintomas?
“A terapêutica hormonal é prejudicial e não deve ser iniciada.” – Mito
O nível de afectação da qualidade de vida é o que determina o tratamento ou não destes sintomas. O que é essencial para uma mulher na perimenopausa é a vigilância ginecológica, garantindo os rastreios adequados nesta faixa etária, a contraceção adequada e o início de terapêutica hormonal, se estiver indicada.
Se a sintomatologia vasomotora for muito acentuada, a mulher poderá ter indicação para terapêutica hormonal, dependendo, evidentemente, dos seus antecedentes médicos. A duração da terapêutica hormonal é variável e avaliada caso a caso. Habitualmente restringe-se aos cinco anos, conseguindo controlar os sintomas e diminuindo riscos associados ao seu uso prolongado.
Embora não esteja comprovado, há estudos que indicam alguma tendência para o aumento do risco de cancro da mama. Contudo, a interpretação destes estudos é difícil, porque o grupo de mulheres estudadas teria outras doenças, que por si só já aumentariam este risco.
Quais os benefícios do exercício físico durante a menopausa
“Nunca fiz exercício físico, sou velha para começar.” – Mito
São inúmeros os benefícios do exercício físico, independentemente da fase da vida em que se começa. As alterações no metabolismo dos estrogénios, a redução do risco do cancro da mama, de osteoporose e de doenças cardiovasculares e a melhoria dos quadros depressivos, têm sido apontados como os principais ganhos de fazer exercício físico durante a menopausa.
Pode também gostar de ler: como acabar com a celulite de uma forma saudável; menopausa, viva bem com ela no dia a dia e o poder da alimentação: como ter um cérebro em forma com o que come.
Grata pela sua visita!
Dina Lopes , comenta:
Gostei imenso destes esclarecimentos,ajuda_nos a estarmos mais preparadas para enfrentarmos essa fase da nossa vida. Obrigada
Conceição Rebolho , comenta:
Muito obrigado. O artigo está espetacular. Beijinhos
conceição abreu , comenta:
Gostei muito deste artigo. Linguagem simples e esclarecedora.
Fatima , comenta:
Muito bom e muito importante ! E um tema que a sociedade está pouco esclarecida e por isso não apoia esta transição avassaladora para as mulheres !
Isabel Froes , comenta:
Obrigada
Fátima Ribeiro , comenta:
A matéria está esclarecedora
Lurdes Aquino , comenta:
Gostei muito deste artigo!!!
Obrigada ?
Beijinho
Manuela Costa Dias , comenta:
Entrei na menopausa aos 46 anos, com toda a sintomatoligia associada a ela..
Faço TSH, desde essa idade, e tenho 67 anos. O meu ginecologista nada tem em contrário que eu mantenha o TSH, visto que já experimentei parar e fico bastante incomodada, com os afrontamentos..
Faço a consulta anual de ginecologia, para o rastreio da mamografia e a eco mamária e como faço a TSH, não sinto a maior parte dos sintomas aqui referidos.
Durmo muito bem, não tenho perda de memória nem problemas, com o meu humor, e a minha osteoporose está dentro dos parâmetros..
Por isso, como é hábito dizer-se em medicina…cada caso, é um caso, não se pode estereotipar..
Mas, atenção torna-se necessário seguir um acompanhamento ginecológico anual.
Maria carmo , comenta:
Gostei imenso ? obrigada